Textos
Ontem à noite, após o jantar, a mamãe me fez uma surpresa.
Ela havia guardado o resto do suco do almoço e feito um picolé bem gotoso para mim. Era um picolé de acerola, daqueles feitos com carinho, muito carinho.
A mamãe me deu o picolé e, antes de sair da cozinha
pediu para eu apagar a luz quando saísse de lá.
Dei a primeira mordida e... Hum! Estava uma delícia!
Antes mesmo de dar a segunda mordida, ouvi alguém me chamando no portão. Deixei o meu picolé em cima da mesa, apaguei a luz e corri pra ver quem era.
Era o meu amigo Edu que queria brincar comigo. Abri o portão e fomos para a rua. Esqueci do meu picolé.
Depois de certo tempo, quando a brincadeira estava bem boa, eu fiquei parado... pensando e pensando até perceber que havia esquecido de alguma coisa.
De repente, um estalo. Meu picolé! Gritei tão alto que todos se assustaram.
Voltei para casa bem depressa, abri o portão e corri para a cozinha. Acendi a luz e vi uma mancha vermelha na toalha da mesa e um palito bem no meio dela.
Fui me aproximando bem devagarzinho e olhei com muita tristeza para o que deveria ser o meu picolé.
O que teria acontecido? Os meus olhos encheram-se de lágrimas e não agüentei. Comecei a chorar. Foi um choro tão sentido e tão alto que a minha mãe correu para ver o que estava acontecendo.
Eu não disse nada, só apontei para a mancha na toalha.
A minha mãe muito carinhosa me abraçou e me explicou que picolés, sorvetes e gelo derretem se não estiverem na temperatura ideal que os mantenha congelados.
Assim eu aprendi que não se deixa um picolé fora da geladeira, a não ser que eu esteja chupando.
Isso foi muito duro para mim, mas eu aprendi.
No outro dia a minha mãe fez mais um picolé, só que foi de abacate e eu não o deixei fora da geladeira e chupei inteirinho. Estava uma delícia. Ah, se estava.
Amélia Aragão
Enviado por Amélia Aragão em 31/01/2011
Alterado em 11/02/2011
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